Nos últimos dias, um site que publicou matéria paga acusou o prefeito de Buerarema, Gel da Farmácia, de patrocinar veículos de comunicação. A publicação ainda sugeriu que uma liderança política de Jussari teria procurado o gestor de Buerarema para interceder em uma suposta crise envolvendo Erlon Botelho, do Instituto Chocolate, e um empresário local.
De acordo com fontes fidedignas, o próprio ex-prefeito de Jussari, Antônio Valete, chegou a procurar Gel da Farmácia pedindo que o prefeito interferisse na situação da veiculação das denúncias contra Erlon Botelho. A tentativa foi de associar o nome do prefeito de Buerarema às publicações, como se ele tivesse influência direta sobre a imprensa regional — o que não é verdade.
Diversos portais de notícias apenas replicaram as matérias por considerarem o tema relevante, sem qualquer ligação com patrocínio ou intervenção do prefeito de Buerarema.
Irregularidades do Instituto Chocolate
A realidade é que o ex-prefeito Valete tem consciência de que compactuou com as irregularidades do Instituto Chocolate, autorizando pagamentos com documentos considerados fraudulentos. Parte desses contratos já é objeto de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Entre os pontos mais graves, está a contratação da esposa de Erlon Botelho como funcionária fantasma. O contrato a classificava como agente de limpeza na Prefeitura de Jussari, mas nossa reportagem apurou que:
Ela já era diretora do Instituto Chocolate no mesmo período;
Estava grávida durante a contratação;
Nunca exerceu qualquer função de limpeza, função completamente incompatível com sua realidade profissional;
Além disso, trata-se de uma advogada de formação, e é inusitado ver uma advogada contratada como servidora de limpeza.
Tudo isso reforça o indício de que a contratação foi apenas uma manobra para justificar pagamentos irregulares.
Dossiê em preparação
O site Falando com Autoridade finaliza um dossiê robusto, que será entregue à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, pedindo investigação completa contra o ex-prefeito Antônio Valete e sua relação com o Instituto Chocolate.
Valete, por sua vez, insiste em negar irregularidades, afirmando que não cometeu crimes contra o erário. Caberá às autoridades policiais e judiciais aprofundar as investigações e definir responsabilidades.
Contratos do Consórcio CIMA sob suspeita
Outro ponto que chama atenção é a relação da Prefeitura de Jussari, durante a gestão de Valete, com o Consórcio Intermunicipal da Mata Atlântica (CIMA). O ex-prefeito acumulava as funções de gestor municipal e presidente do consórcio, situação que, por si só, não é irregular.
No entanto, surgem questionamentos: por que a Prefeitura de Jussari contratou justamente o consórcio presidido pelo mesmo gestor, em contratos que somam mais de R$ 4 milhões?
Na prática, Valete tinha o poder de pagar recursos dos cofres municipais ao consórcio e, ao mesmo tempo, administrar os valores enquanto presidente da entidade. Para críticos, o fluxo financeiro “entrava e saía das mãos do mesmo gestor”, levantando sérias dúvidas sobre conflito de interesses e direcionamento de contratos.