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Erlon Botelho engana produtores com cobrança de ingressos em evento no sul da Bahia

Por amarelinhoitabuna

 Instituto Chocolate recebeu mais de R$ 1,2 milhão em verbas públicas e cobra ingresso de produtores no evento Cacau 500

O Instituto Chocolate, presidido por Erlon Botelho, já movimentou mais de R$ 1,2 milhão em recursos públicos oriundos de diferentes fontes: R$ 500 mil da Prefeitura de Jussarí, R$ 500 mil do Governo Federal, R$ 25 mil do Consórcio Intermunicipal da Mata Atlântica (CIMA) e R$ 200 mil de emenda parlamentar.

Apesar da expressiva arrecadação, a entidade é alvo de denúncias graves e inconsistências documentais. A reportagem do site Falando com Autoridade esteve em Buerarema, no endereço que consta como sede do Instituto no CNPJ. No local, moradores confirmaram que nunca existiu nenhum escritório do Instituto Chocolate. O que realmente funcionava ali era uma barbearia, hoje desativada.

Outro endereço citado pelo presidente do Instituto em uma emissora de rádio seria o abrigo de idosos. No entanto, o próprio abrigo emitiu nota pública afirmando desconhecer totalmente o Instituto Chocolate e negando que a entidade tenha funcionado ali. Em Jussarí, a entidade chegou a informar como sede o prédio da antiga CEPLAC, mas o espaço também não abriga nenhuma atividade relacionada.

As irregularidades se estendem às notas fiscais apresentadas em Jussarí, que indicam endereço local, embora o CNPJ esteja registrado em Buerarema. Pela lei, as notas fiscais deveriam ser emitidas a partir da cidade de registro do CNPJ, e não de outro município, o que configura ilegalidade.

Além disso, o Instituto acumula dívidas com a Prefeitura de Buerarema, está com o CNPJ suspenso na Receita Federal, não possui licença ambiental nem alvará da vigilância sanitária, e mesmo assim segue firmando convênios, captando recursos públicos e promovendo eventos.

Paralelo a esses convênios, a entidade organiza para os dias 24, 25 e 26 de outubro, em Itabuna, o 3º Encontro Nacional do Projeto Cacau 500 Sustentável. O evento cobra ingressos entre R$ 75 e R$ 350, mesmo já tendo recebido vultosas quantias de dinheiro público.

 Divulgação oficial do evento:

“Já vendemos 90% do 2º lote. A contagem regressiva já começou e os ingressos estão quase esgotados! Corre pra garantir o seu! Ingressos em: cacau500.com.br”

O encontro será realizado no Centro de Cultura Adonias Filho e promete reunir centenas de produtores, técnicos e empresários do setor cacaueiro.

A cobrança, no entanto, gera revolta entre produtores que vivem uma das piores crises da cacauicultura, enfrentando perdas severas, pragas como a vassoura-de-bruxa e dificuldades financeiras. Para críticos, o Instituto estaria se aproveitando da fragilidade do setor, acumulando dinheiro público e privado sem apresentar relatórios de impacto social, notas fiscais consistentes ou auditorias oficiais.

No último dia 26 de agosto, o jornalista EdCarlos formalizou denúncia contra o Instituto Chocolate, entregando um dossiê à Polícia Federal e outro ao Ministério Público Federal. Os documentos reúnem provas e apontam graves indícios de irregularidades na utilização de verbas públicas. A expectativa é que, a partir dessa iniciativa, seja aberta uma investigação oficial e aprofundada pelos órgãos federais.

Além disso, está prevista também uma denúncia junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma vez que o Instituto recebeu recursos do Ministério da Educação. Por se tratar de verbas federais, as contas devem ser prestadas de forma transparente e comprovada, o que, segundo apuração da reportagem, não aconteceu.

Diante desse cenário, a situação coloca em xeque a credibilidade da entidade e levanta uma pergunta direta que ecoa entre autoridades e agricultores da região:

para onde está indo tanto dinheiro arrecadado pelo Instituto Chocolate?

 

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