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Prevenção contra Monilíase do Cacaueiro é intensificada na Bahia

Por amarelinhoitabuna

Para impedir a entrada da Monilíase do Cacaueiro nas lavouras baianas a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) está intensificando o monitoramento nas plantações de cacau e provocando ações preventivas de fitossanidade. Em parceria com o Ministério da Agricultura, a agência está realizando um trabalho colaborativo de capacitação, averiguação e investigação técnica para supressão de um foco no município de Mâncio Lima, estado do Acre, local com infestação já identificada. Nos próximos 10 dias os fiscais estaduais da Adab Suely Brito e Alessandro Oliveira irão percorrer áreas suspeitas e acompanhar de perto as atividades para o controle da doença, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, de grande importância econômica para a cultura do cacau.

A Bahia é classificada como área de Praga Quarentenária Ausente de Monilíase e desde 2007 executa o Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro, que contempla ações de educação fitossanitária, capacitação técnica, identificação de pontos de ingresso e rotas de risco, além de levantamentos de detecção da praga e Cursos de Emergência. “A participação da Adab nas ações do Acre demonstra o esforço do Governo baiano e a boa interlocução com o MAPA para o treinamento de equipes em situação real, adquirindo experiência prática, além de oferecer nossa contribuição técnica e cooperação com outras unidades da federação, passo importante para o desenvolvimento de ações conjuntas”, destaca o diretor geral da Adab, Oziel Oliveira, lembrando que em 2014 foi criada a Comissão Técnica Regional de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro na Bahia com o objetivo de fortalecimento institucional e sistêmico das ações de prevenção. “Tudo o que fizemos até hoje, acrescido com as estratégias estabelecidas no Acre servem de alerta e treino para os nossos pares aqui na Bahia”, ressalta Oliveira.

Na avaliação do diretor de defesa vegetal da Adab, Celso Filho, a defesa fitossanitária é mais eficiente quando feita preventivamente. “Os técnicos baianos que estão no Acre voltarão devidamente capacitados já que estão tendo a oportunidade de conhecer a variação dos sintomas que ocorrem em frutos de cupuaçu e cacau, observando ainda aspectos específicos relacionados ao clima que é muito parecido com o da nossa região cacaueira”, aponta. As atividades de educação sanitária dos produtores estão sendo realizadas pela Agência de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) junto com a Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) para apresentar a doença, abordar o estado de emergência em que se encontra a região Norte e a importância das parcerias de todos os elos da cadeia produtiva. Se somam à equipe as agências do Mato Grosso, o Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea) e do Pará, Agência de Defesa do Pará (Adepará). No aeroporto do Acre, a ação de serviço de inspeção de bagagens será realizada em conjunto entre Polícia Federal, a Unidade de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), de Brasília, e acompanhada pelo fiscal estadual da Adab, Alessandro Oliveira.

“Nesse momento aqui no Acre, a supressão se apóia num princípio epidemiológico da ausência do hospedeiro. É necessário efetivar a derrubada de árvores de cacau e cupuaçu infectadas para ampliar as áreas sem a presença dos hospedeiros e debelar os focos”, explica Suely Brito, informando que já existe uma força tarefa acreana, intensificada pela participação de outros estados do país. A preocupação das agências é com a proximidade da estação das águas, previstas para o mês de novembro. “Se tivermos frutos nas árvores nessa época, provavelmente, haverá disseminação do fungo. Por isso, as ações requerem agilidade na supressão, principalmente com relação ao cupuaçu que, por ser uma árvore alta, dificulta o alcance do fruto”, completa a Coordenadora de Desenvolvimento Fitossanitário da Adab, informando que as árvores eliminadas são pulverizadas com substância antiesporulante pra evitar que o fungo se propague pelo ar.

Riscos e prejuízos

O primeiro foco de Monilíase no Brasil foi detectado em área residencial urbana no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre, e confirmado pelo Ministério da Agricultura em Julho deste ano. Desde então, fiscais federais agropecuários estão no local realizando os levantamentos fitossanitários de delimitação da área afetada, além da adoção de medidas de erradicação e contenção para evitar a disseminação da praga para outras áreas de cacau e cupuaçu no país.

Na Colômbia e Venezuela existem relatos de perdas entre 30% a 70 % da produção anual de cacau. O Equador, que já foi o maior produtor mundial de cacau, foi devastado pela. Já a região cacaueira da Costa Rica, após dois anos de infestação da praga, teve perdas na produção anual de cacau entre 53% a 90%, fazendo com que, 35% dos cacauicultores abandonassem suas lavouras. Quando se detectou a presença da Monilíase, a produção nacional em 1978, que era de 10.300 toneladas de amêndoas de cacau, reduziu para 1.850 toneladas em 1983 (82%). Atualmente, a doença encontra-se restrita ao continente Americano, estando presente em todos os países produtores de cacau da América Tropical.

“Nosso risco de dispersão da praga é alto, devido às linhas de tráfego aéreo e rodoviário que ligam o Estado do Acre a todo território nacional. Além da sua grande extensão territorial que faz divisa com oito estados da federação, nosso estado possui importantes corredores fitossanitários, por onde escoa a produção nacional de cacau em direção ao parque moageiro no município de Ilhéus”, informa a coordenadora do Programa de Controle da Monilíase da Adab, Catarina Mattos. Segundo ela, são 72 mil propriedades distribuídas em mais de 10 Territórios de Identidade, inclusive nas regiões Oeste e Semiárido, com 403 mil hectares cultivados e uma produção de 111,4 mil toneladas. “Destaque-se ainda o setor chocolateiro da Bahia com mais de 70 marcas de chocolate de origem, inclusive com a participação direta da Agricultura Familiar”, diz. De acordo com a fiscal, cada tonelada de amêndoas de cacau que se deixa de produzir corresponde a uma perda de 2,2 postos de trabalho, “sendo que o negócio cacau chocolate representa anualmente R$ 3,4 bilhões de renda circulante e R$ 296 milhões em arrecadações de impostos diretos para o Estado da Bahia”, enfatiza Catarina explicando que, diante deste cenário, as medidas preventivas adotadas ao longo dos anos pela Adab se justificam.

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